Segurança para aeroportos em um mundo pós COVID-19
Aeroportos em todo o mundo foram confrontados com uma mudança repentina que os desviou de seu curso normal. A pandemia de COVID-19 resultou em uma mudança monumental nas operações aeroportuárias. De acordo com a ACI World, o tráfego global de passageiros caiu 94,4%, algo sem precedentes, em relação ao ano anterior em abril de 2020. Os aeroportos agora enfrentam incertezas e decisões urgentes a serem tomadas, a fim de voltar aos trilhos da maneira mais rápida e tranquila possível.
Agora, mais do que nunca, os aeroportos contam uns com os outros para compartilhar conhecimento e melhores práticas para garantir que seus aeroportos estejam prontos para receber passageiros novamente. Para ajudar a facilitar essa conversa, Jared Mossman, gerente de desenvolvimento de negócios da Genetec, organizou duas mesas redondas fechadas com oito dos principais aeroportos da América do Norte.
- Aeroporto Internacional O'Hare de Chicago (ORD),
- Aeroporto Internacional de Denver (DIA)
- Terminal Aéreo Internacional JFK (JFKIAT)
- Aeroporto Internacional de Seattle Tacoma (SEA)
- Aeroporto Internacional de Tampa (TPA)
- Aeroporto Internacional Boston Logan (BOS)
- Aeroporto Internacional de Salt Lake City (SLC)
- Aeroporto Internacional Pearson de Toronto (YYZ)
O objetivo do evento foi obter insights e compartilhar as melhores práticas sobre as mudanças que estão ocorrendo com outros aeroportos da região. Durante a conversa, muitas questões interessantes foram discutidas, então decidimos compilar as respostas abaixo e compartilhá-las com a comunidade ampliada do aeroporto.
1. Quais são algumas iniciativas que seu aeroporto tomou para aumentar a confiança dos passageiros e se preparar para uma reabertura segura?
Todos os nossos painelistas do aeroporto tiveram as mesmas iniciativas básicas: aumentar o espaçamento em todos os pontos de verificação de passageiros, como marcas de orientação de piso e uso alternativo de portão e faixa; dispor várias estações de higienização de mãos nos terminais do aeroporto; instalar barreiras e plexiglass em todos os pontos de interação, como check-in e balcões de imigração e implementar métodos de higienização aprimorados em todo o aeroporto.
Em particular, o Aeroporto Internacional de Seattle Tacoma enfatizou a importância da presença visível da equipe de zeladoria no aeroporto para ajudar a reconquistar a confiança dos passageiros. Como os aeroportos estão focados na experiência do passageiro, manter um ambiente seguro desempenha um papel importante na reconstrução de sua confiança.
O uso de máscaras é obrigatório entre os colaboradores do aeroporto, enquanto os passageiros são recomendados a usar uma máscara tanto no aeroporto quanto no avião para limitar qualquer possível transmissão do COVID-19.
2. Quais foram algumas das primeiras respostas quando seus aeroportos se depararam com o lockdown e a proibição do transporte de passageiros?
Como os efeitos do COVID-19 foram uma surpresa para muitos, os planos de resiliência e reconstituição tiveram que ser elaborados em um curto período de tempo para dar uma direção mais clara, em termos de políticas recém-desenvolvidas e os próximos passos para aeroportos, não apenas para passageiros, mas também para colaboradores.
O JFKIAT e o Boston Logan Airport explicaram que formaram uma equipe dedicada de colaboradores em seu aeroporto para gerenciar melhor as questões e os planos de ação relacionados ao COVID-19. O JFKIAT disse que criou grupos de trabalho para debater ideias para colaboradores, passageiros e locatários existentes em seu terminal, para prestar melhor suporte durante esse período de transição.
O Boston Logan Airport explicou que a recém-criada equipe do Project Management Office em seu aeroporto atua como um consultor-chave do conselho executivo na tomada de decisões relacionadas ao COVID-19, além de ajudar diferentes departamentos a simplificar e coordenar planos para evitar qualquer duplicação de trabalho relacionado ao tema.
3. Que importantes processos ou mudanças processuais foram feitas em seu aeroporto?
Todos os palestrantes concordaram que as mudanças processuais dependem muito das políticas e regulamentos do governo local. Assim, os aeroportos devem adaptar seus procedimentos de acordo com as orientações dadas, para garantir o cumprimento das normas locais.
O Aeroporto de Salt Lake City e o Aeroporto de Tampa apontaram o aumento das restrições em torno da entrada no aeroporto, limitando o acesso a passageiros, pessoal de assistência extra e colaboradores com crachá, para reduzir a concentração de pessoas em uma área.
O Aeroporto Internacional de Denver descreveu as mudanças temporárias em seu aeroporto, que incluem o transporte de colaboradores de bordo com ônibus. “Não queríamos lotar os ônibus com colaboradores para evitar preocupações com a saúde”, explicou o palestrante do DIA. Isso levou à conversão do espaço de estacionamento econômico situado ao lado do terminal principal em um estacionamento para colaboradores de bordo para fácil acesso e pontos de contato reduzidos, enquanto o número de passageiros no aeroporto permanece limitado.
4. Quais foram as principais mudanças tecnológicas e operacionais em seu aeroporto?
O Aeroporto Internacional de Denver discutiu sua implementação de controle de acesso de autenticação facial em áreas de alta movimentação, para ajudar a reduzir o contato e a possível contaminação.
O Chicago O'Hare Airport manifestou interesse no aplicativo móvel para colaboradores que foi implantado no Aeroporto Internacional de Denver, para comunicar novas informações e atualizações aos colaboradores com crachá sobre as mudanças nos procedimentos do aeroporto. Eles explicaram os benefícios que poderiam obter com essa solução, pois têm mais de 40.000 colaboradores com crachá para gerenciar diariamente.
Testes com câmeras termográficas que realizam verificações de temperatura foram feitos na maioria dos aeroportos, no entanto, surgiram desafios ao procurar uma solução precisa com baixos falsos positivos. Portanto, nenhuma implementação específica foi feita ainda.
O Toronto Pearson Airport compartilhou seus esforços em testar uma experiência de viagem sem contato para os passageiros, desde o check-in até a decolagem, com a Air Canada. Ainda é um projeto em andamento, mas o Toronto Pearson acredita que este é o futuro das viagens e que deveríamos ter mais aeroportos e companhias aéreas se voltando para a tecnologia sem contato.
5. Quais são alguns dos principais desafios que estão enfrentando atualmente?
Entre os diferentes desafios discutidos durante a mesa redonda, um dos principais temas da conversa foi a capacidade de se adaptar e acompanhar as constantes mudanças nas regulamentações e políticas definidas pelos governantes. Os painelistas expressaram o difícil processo de colocar essas alterações no papel, conseguir assiná-las, e ainda precisar alterar e fazer novos ajustes todos os dias.
Os aeroportos também são desafiados quando se trata de decidir quanto dinheiro deve ser investido em um problema, pois não há certeza de quanto tempo o mesmo vai perdurar. Muitos aeroportos debatem seus investimentos, tentando avaliar se a tecnologia pode ou não se tornar obsoleta em um curto período de tempo, dadas as constantes mudanças de políticas e requisitos.
Discussões sobre quem deve ter autoridade para impor o uso de máscaras, distanciamento físico e verificações de temperatura corporal também estão em questão. Quais stakeholders no aeroporto devem ser responsáveis por manter essas regras e recomendações?
6. Como vocês determinam aquilo que faz mais sentido face às constantes mudanças regulatórias? Como vocês se mantêm focados?
Como a maioria das mudanças exigidas está fora de seu controle, a flexibilidade parece ser o critério mais importante para fazer os aeroportos passarem por essa fase de incertezas.
No entanto, uma coisa é certa entre todos os aeroportos: eles estão determinados a proporcionar uma experiência positiva a todos os passageiros. Portanto, eles estão fazendo o que é necessário para oferecer uma viagem tranquila da chegada à decolagem, garantindo que os passageiros se sintam seguros e confiantes em sua experiência de viagem.
7. O que estão fazendo para manter os colaboradores confiantes no retorno ao trabalho?
O Aeroporto de Salt Lake City abordou as preocupações dos colaboradores da linha de frente, disponibilizando equipamentos de proteção individual (EPI) de alta qualidade, incluindo máscaras N95, óculos de segurança, protetores faciais e luvas. A mudança planejada para novas instalações também proporcionou um campo de testes para melhorar ainda mais o layout e a configuração de modo a melhor atender aos padrões de higiene para seus colaboradores.
O Boston Logan explicou os diferentes rumos que seu aeroporto tomou, fazendo um rodízio entre os colaboradores dispostos a retornar ao trabalho na modalidade diária. Cada unidade enviaria uma pessoa por dia para ao local de trabalho. Esta iniciativa tem sido um sucesso, explicou o palestrante, pois os colaboradores se sentem revigorados por não precisarem ir ao local de trabalho todos os dias, ao mesmo tempo em que se sentem seguros e engajados nos acontecimentos do dia-a-dia no aeroporto.
O Aeroporto JFK, por outro lado, implementou seu próprio site de intranet para comunicar com eficiência notícias e atualizações a seus colaboradores, já que a maioria deles ainda está trabalhando de casa.
8. Como estão trabalhando com os diferentes stakeholders dentro do aeroporto?
Para garantir saúde, segurança e proteção nos aeroportos, eles precisam ter um forte relacionamento cooperativo com agências governamentais, como a Transportation Security Administration (TSA), Customs and Border Protection (CBP) e Canadian Air Transport Security Authority (CATSA), para nomear alguns.
Disto isto, o Boston Logan Airport realiza reuniões virtuais diárias com os stakeholders do aeroporto - incluindo companhias aéreas e funcionários do governo - para discutir fatores como contagem de passageiros e níveis de colaboradores, que ajudam a aumentar a eficiência operacional.
Outros esforços colaborativos foram discutidos, incluindo o teste de novas tecnologias como luzes ultravioleta (UV) para desinfecção de lixeiras durante as verificações de transporte de mão da TSA e câmeras térmicas para verificações de temperatura dos passageiros.
9. Qual tecnologia provavelmente veremos permanecer no mercado no longo prazo?
Todos os palestrantes concordaram unanimemente que a tecnologia touchless, embora cara de implementar, é o futuro das viagens. Portões biométricos com recursos de reconhecimento facial e identificações de viagem virtuais estão sendo testados ou implantados gradualmente em diferentes aeroportos para criar uma jornada de viagem mais livre de contato para os passageiros.
O Aeroporto de Salt Lake City recebeu ótimos feedbacks sobre sua nova solução de zeladoria para sanitizar corrimãos giratórios em escadas rolantes. Eles acreditam que o retorno do investimento é extremamente alto, já que é barato, altamente visível para os passageiros e muito eficaz. Portanto, esperam que o sistema permaneça relevante para suas operações aeroportuárias no longo prazo, devido ao valor agregado que oferece aos seus passageiros.
Prevê-se também a digitalização de impressos como folhetos promocionais para turistas. O Boston Logan Airport compartilhou suas iniciativas sobre o assunto e expandiu-o ao discutir sua intenção de converter a sinalização digital, que antes era touchscreen, em sistemas ativados por voz.
10. Quais são algumas lições aprendidas com toda essa experiência?
Forte colaboração e comunicação entre todos os stakeholders são essenciais no caminho da recuperação de um aeroporto.
Embora a tecnologia possa criar barreiras adicionais para mitigar o risco de exposição ao vírus, ela sozinha não é a cura. Garantir que a comunidade em geral esteja ciente da gravidade, para tomar as medidas necessárias de autorregulação quando estiver em espaços públicos, acabará fazendo a diferença. Como destacou o palestrante do Aeroporto de Seattle Tacoma, “Um passageiro experiente e informado é um passageiro feliz”.
Tanto o Aeroporto de Tacoma de Seattle quanto o Aeroporto de Tampa enfatizaram os esforços significativos que seus aeroportos fizeram para aumentar a conscientização na comunidade, usando blogs abertos, vídeos corporativos, artigos de agências de notícias nacionais para alcançar mais passageiros em potencial e sinalização em todo o aeroporto.
Nosso palestrante do JFKIAT resumiu bem as principais conclusões: “Como estamos constantemente correndo atrás do prejuízo, se tentarmos encontrar soluções antes dos fatos, seremos sempre ineficientes. Portanto, faça o que puder para manter um distanciamento seguro e um ambiente seguro para seus colaboradores, continue investigando, observe as tecnologias disponíveis, veja o que os outros estão fazendo e continue colaborando. Isso é tudo que podemos fazer neste momento porque é um alvo em constante movimento”.